Nesta
segunda e última parte sobre talismãs/amuletos, apresentarei mais alguns
símbolos que poderão ser usados. Entretanto, surgiu uma pergunta bem pertinente
após o artigo anterior: “Como e porque os amuletos funcionam?”.
Como
escrevi anteriormente, o segredo para que um amuleto/talismã seja realmente
poderoso e eficiente está no símbolo
escolhido e na correta consagração, ou seja, na realização do ritual. Isto
equivale dizer que deve haver um símbolo, que pode ser escolhido por significar
algo para quem cria o talismã, mas não necessariamente, podendo ser escolhido
por chamar a atenção, pois os símbolos estão no inconsciente coletivo e, ao
mesmo tempo que são individuais, são universais. Assim, se um símbolo cujo
significado lhe é desconhecido chamar sua atenção, use-o, pois seu inconsciente
o reconheceu e precisa da energia que ele poderá lhe proporcionar.
Por
outro lado, o material escolhido para criar o talismã adquire importância se considerarmos
que os cristais naturais possuem a propriedade físico-química de armazenarem
energia. Este estudo científico está exposto mais adiante.
Sobre
os símbolos, reporto-me a Jung, cujas observações e estudos fornecem rico
material, bem oportuno ao presente artigo.
Os
símbolos arquetípicos segundo Jung (subtítulo)
Carl
Gustav Jung (26/07/1875 – 06/06/1961), foi um psiquiatra suíço fundador da
Psicologia Analítica ou Psicologia Junguiana. Em suas viagens à África, Índia e
diversas tribos norte-americas, Jung se interessou pelos rituais passando a
estudá-los. Concluiu que um ritual é realizado com um propósito, que pode ser
consciente ou inconsciente, cujas representações são baseadas em arquétipos,
expressando sua mensagem simbolicamente. Quando o praticante ou participante se
deixa envolver pelo ritual, os arquétipos o conduzem a uma significação, capaz
de proporcionar a transformação. Portanto, não é o ritual em si que efetua a
transformação, ele é apenas um veículo para que a mesma possa ocorrer.
Para Jung, os
símbolos possuem objetivos os quais, embora funcionando de uma maneira
definida, em geral são difíceis de verbalizar. Desta forma, expressam-se por
analogias. O processo simbólico é uma experiência de imagens e por imagens. Seu
desenvolvimento é compatível com a lei da enantiodromia, (princípio de que uma
dada posição eventualmente se desloca na direção de seu oposto) e dá provas da
existência de uma compensação em ação, isto é, de que a atitude da consciência está
sendo equilibrada por um movimento originado no inconsciente.
Jung escreveu: “Da
atividade do inconsciente emerge agora um novo conteúdo, constelado por tese e
antítese em igual medida e mantendo-se em relação compensatória com ambos. Portanto, forma o espaço intermédio em que
os opostos podem ser unidos”. Comparativamente, significa que ao se assumirmos
uma ou outra posição, apenas reafirmamos posições, mudamos de um lado para o
outro. Entretanto, o símbolo pode ajudar no sentido de não ser lógico e ter
natureza paradoxal. Ele representa o terceiro fator entre as nossas posições
opostas, fator este que não existe na lógica, mas fornece uma perspectiva a
partir da qual se pode fazer uma síntese dos elementos opostos. Quando confrontado
com essa perspectiva, o ego fica liberado para exercer uma reflexão, o que
conseqüentemente gera uma escolha, ou seja, uma saída, uma resposta, que muitas
vezes pode ser a solução do conflito, ou ao menos conduz a ela.
Os
símbolos são expressões pictóricas cativantes, são retratos indistintos,
metafóricos e enigmáticos da realidade psíquica. O conteúdo, isto é, o
significado dos símbolos, está longe de ser óbvio; em vez disso, é expresso em
termos únicos e individuais, e ao mesmo tempo participam de imagens universais.
Quando trabalhamos com os símbolos, eles podem ser reconhecidos como aspectos
daquelas imagens que controlam, ordenam e dão significado
às nossas vidas. Portanto, sua fonte pode ser buscada nos próprios arquétipos
que, por meio dos símbolos, encontram uma expressão mais plena.
Para
saber mais sobre a Psicanálise Junguiana acesse o Dicionário Crítico de Análise
Junguiana:
A
memória do retículo cristalino (subtítulo)
Quando
ministrei cursos sobre Terapia com Cristais, um dos livros que fundamentaram
estes cursos foi “A Linguagem Secreta das Pedras”, escrito pelo Prof. Don
Robins, químico e arqueólogo que na época, 1.988, integrava o corpo docente do
Instituto de Arqueologia de Londres.
O
estudo que ele realizou é bem extenso e consta da minha apostila. Entretanto,
basicamente comprovou empiricamente, ou
seja, cientificamente, que os cristais possuem a propriedade físico-química de
reterem e emanarem ou liberarem energias, o que explicaria, por exemplo, os
choques experimentados pelas pessoas nos círculos de pedras, assim como imagens
produzidas por determinados cristais, como os crânios de cristal e outras
pedras.
Para
maiores informações, disponibilizarei a apostila do curso para aquisição
através da loja da revista, a partir do mês de setembro, pois preciso
providenciar atualizações.
Os
cristais possuem um “coração pulsante”, pois energias são absorvidas e
armazenadas no que o professor chamou de “retículo cristalino”, sendo liberadas
quando estimuladas. Entretanto, observou-se que os cristais possuem, ainda, uma
outra propriedade: a de transmutar, modificar estas energias armazenadas. É um
estudo muito interessante, totalmente fundado em bases científicas, cujas
experiências e comprovações se deram em laboratórios, através de métodos
científicos ofertados pela Química e pela Física.
Daí
porque ao optarmos por desenharmos os símbolos nos cristais, ou prender a eles
os símbolos, estamos entregando ao cristal toda aquela carga arquetípica
contida naquele símbolo, imprimindo esta energia no cristal através do ritual
de consagração.
Nesta
mesma linha de raciocínio, utilizar argila para criar o talismã é outra opção,
pois argila é terra, formada por minerais assim como os cristais, assim como
nós (microcosmos) e assim como os Universos (macrocosmos).
Símbolos
célticos – Os quatro tesouros do thúata dé
Danann[1]
(subtítulo)
Na
mitologia celta, a lenda dos quatro tesouros do povo da deusa Dana ou Danu (thúata dé Danann) são contados em várias
histórias principalmente na Irlanda, mas também na Escócia e País de Gales. O
povo da deusa Dana partiu para a Irlanda, levando consigo quatro tesouros de
quatro cidades mágicas, localizadas no Outro Mundo.
Na
consagração, depois de acender as velas, converse em voz alta com a Grande Mãe,
deixando claro seu objetivo. A vibração da voz no ar gera energia, que será
absorvida pelo talismã impregnando-o, especialmente se for de cristal ou argila.
No caso do desenho feito a lápis, o grafite é um mineral condutor, que pode se
impregnar de energia e emaná-la.
Ademais,
a mera escolha do símbolo em si já impressiona o seu inconsciente, cuja
mensagem é que agora você passará a
receber toda a carga emocional e vibracional contida por aquela forma. Por isso
é importante realizar o ritual com vontade e fé, falando e mentalizando seu
objetivo. Ao contrário do que se imagina, o talismã não atrairá o resultado
para você, mas ao contrário, passará a guiá-lo intuitivamente em direção ao
objetivo.
São
os quatro tesouros:
Pedra da Virtude e do
Destino
Essa
pedra encantada chamada Fál ou Lia Fáil, veio da cidade de Fálias. Ela tinha o
poder de indicar o futuro rei, pois ‘chorava’ ao seu toque. A pedra da virtude
e do destino pode ser usada para o reequilíbrio sistêmico (cura), abrir os
canais sensitivos para a vidência e premonição através de oráculos ou para
aflorar alguma qualidade ou habilidade que se julga ser importante.
Faça
este talismã consagrando um cristal natural na Lua minguante, que poderá ser
usado como pingente ou na cabeceira de sua cama, sob o travesseiro, como achar
melhor. Limpe o cristal deixando-o na terra por três noites e energizando-o sob
o Sol. Na Lua minguante, ilumine o cristal durante três noites usando em cada
noite duas velas, uma roxa e outra preta, para aflorar dons de premonição e
vidência ou qualidades e potenciais. Para pedir cura, use uma vela branca e
outra preta por noite.
Lança da Vitória
Esta
é a lança do deus Lug, pertencente ao thúata
dé Danann, cujo nome era Furiosa, pois era sedenta de sangue e quando
lançada em campo de batalha, aniquilava os inimigos. Ela foi trazida da cidade
de Gorias para garantir vitória.
Use
este talismã, que pode ser desde um desenho da lança até uma miniatura dela,
consagrando-o na Lua cheia para ter força, energia, motivação. Este amuleto é
especialmente indicado para quem está sofrendo de depressão ou desmotivação,
assim como para quem estiver passando por momentos difíceis que exigem
resistência física e mental. Consagre-a durante três noites, usando uma vela
vermelha por noite, novamente falando em voz alta seu intento.
Caldeirão da
Prosperidade e Abundância
O
caldeirão do deus Dagda foi trazido da cidade de Murias. Ele nunca esvaziava e
quem dele se alimentasse se sentiria satisfeito. Existem duas formas de
utilizar este símbolo. A primeira é consagrar um caldeirão de ferro para que
possa colocar dentro dele os seus pedidos de prosperidade amarrados numa vela
ou queimando-os com álcool. A segunda forma é desenhar o caldeirão, escrever
resumidamente dentro dele seu objetivo e envolver o desenho com fita dourada,
como explicado no amuleto 3 do artigo da revista de julho, ou enrolando o desenho
num citrino para ser usado na bolsa, bolso ou como pingente, como no talismã 2.
Este talismã abrirá os canais intuitivos para a percepção dos caminhos a
percorrer para obter prosperidade material e espiritual.
Prosperidade
e abundância materiais podem ser traduzidas em crescimento e sucesso
profissional, melhora e estabilização da condição financeira. Já prosperidade e
abundância espirituais são representadas por amizades sinceras, o amor daqueles
à sua volta, momentos felizes. Para mim, estes são os verdadeiros tesouros que
chamo de tesouros da alma, os quais são nossas verdadeiras conquistas e posses,
acompanhando-nos inclusive no Outro Mundo. A consagração deverá ser feita com
uma vela amarela e outra verde, durante três noites de Lua crescente. No caso
do caldeirão de ferro, acenda as velas dentro dele.
Espada da Decisão
Esta
espada encantada, pertencente ao deus Nuadu ou Nuada, oriunda de Findias,
protegia seu portador contra todo o mal, especialmente durante as batalhas, e
como a lança de Lug, não deixava que o inimigo escapasse.
Use
este amuleto, desenhado ou em miniatura, para abrir os caminhos, encontrar
soluções quando a situação estiver confusa e você não conseguir visualizar a
saída ou solução. Este talismã também pode ser usado como proteção contra
energias negativas, desequilíbrios sistêmicos (vulgo doenças), para que quem o
usar seja intuído sobre o melhor caminho a seguir, sobre os perigos que o
espreitam ou sobre os comportamentos e atitudes mentais e emocionais que podem
levá-lo ao desequilíbrio sistêmico. Se o seu sistema já estiver comprometido,
use este talismã para descobrir como se equilibrar e se restabelecer.
Consagre-o na Lua nova, com três velas azuis.
Símbolos
xamânicos
Apanhador de Sonhos
Aparentemente,
o apanhador de sonhos, entre nós chamado de ‘filtro dos sonhos’, foi criado
pela tribo norte-americana Ojibway, Ojibwa ou Ojibwe, mas esta informação é
incerta. De qualquer modo, foi adotado por praticamente todas as outras nações
indígenas e tornou-se conhecido pelos brancos por volta dos anos 60/70, nos
Estados Unidos.
Conta
a lenda que o dream catcher ou
“apanhador de sonhos” foi criado por Iktomi, ou a aranha, que também teceu toda
a teia da vida. Ela entregou-o a um chefe Ojibway que estava meditando no topo
de uma montanha, pedindo ao Grande Espírito auxílio para interpretar uma visão
que teve em sonho.
Os
índios Ojibway acreditavam que quando a noite caía, sonhos e energias emergiam,
impregnando todo o ar. Alguns sonhos, mesmo que fossem pesadelos, eram enviados
às pessoas pelo Grande Espírito para dar-lhes alguma mensagem. Entretanto,
existiam sonhos maus e energias negativas que não vinham do Grande Espírito e
simplesmente flutuavam no ar, podendo entrar na mente das pessoas.
Para
esses sonhos e energias negativas havia o apanhador de sonhos, que os prendia
em sua teia, protegendo quem dormia. Na manhã seguinte, esses sonhos e energias
negativas eram dissipados pelos primeiros raios solares. Por outro lado, os
sonhos enviados pelo Grande Espírito passariam pelo buraco deixado no centro do
apanhador de sonhos, deslizando gentilmente pelas penas penduradas até a mente
do destinatário da mensagem.
Para
os bebês, os Ojibway faziam os apanhadores de sonhos de salgueiro. Com o tempo,
o aro se partia, demonstrando que a criança estava crescendo e que outro
apanhador de sonhos maior deveria ser feito.
Outra
história sobre o apanhador de sonhos conta que duas tribos indígenas estavam em
guerra e as crianças não conseguiam dormir, pois estavam tendo muitos pesadelos
porque o ar estava impregnado de energias negativas. Então, o Grande Espírito
enviou uma visão ao xamã da tribo, mandando fazer um círculo com um galho e
pendurar numa árvore. Feito isto, uma aranha começou a fiar dentro do círculo,
criando uma linda teia. O xamã colocou o objeto dentro da tenda das crianças,
elas se acalmaram e conseguiram dormir bem. Pouco tempo depois as tribos
fizeram as pazes. A partir daí o apanhador de sonhos passou a ser usado para
proteger as pessoas enquanto dormem.
O
apanhador de sonhos pode ser feito por você. Faça o aro com um galho de madeira
que possa ser dobrado. Os apanhadores de sonhos podem ser usados no ambiente ou
como colares, brincos e pulseiras, pois os xamãs também os usavam assim. As
penas são parte importante do apanhador de sonhos, portanto, coloque no seu
apanhador de sonhos ao menos três penas, preferencialmente que caíram de algum
pássaro.
Só
de fazer o seu apanhador de sonhos, você já estará impregnando-o com sua
energia. Entretanto, se comprá-lo, limpe-o com incenso e consagre-o seguindo
sua intuição.
Outros
símbolos (subtítulo)
Existem
muitos outros símbolos que podem ser usados para a criação de talismãs como os
animais xamânicos (dos índios ou dos celtas), as letras Ogam (alfabeto e
oráculo celta – ver no livro Bruxas, em breve) e Runas (alfabeto e oráculo
viking), os símbolos ciganos, radiônicos, cabalísticos, do Tarot, os quais
abordarei na respectiva seção, etc.
O
mais importante é a sua fé e a compreensão do poder contido nos arquétipos e
símbolos, tornando seus talismãs e amuletos verdadeiros agentes da
transformação rumo aos seus objetivos.
A
deusa que há mim saúda a deusa ou o deus que há em você!
[1]
Imagens extraídas da obra “Ogam – The Celtic Oracle of the Trees”, Paul Rhys
Mountfort, Ed. Destiny, EUA, 2002.
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