terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Talismãs - Parte 1

Nesta edição, ensinarei alguns símbolos egípcios mais importantes que podem ser usados como amuletos. Acompanhe na próxima edição da revista Universos Paralelos símbolos de outras civilizações antigas.

Introdução

A palavra ‘amuleto’, em latim ‘amuletu’, vem do árabe e significa “para conduzir, carregar”. Já a palavra ‘talismã’ tem origem no idioma persa ‘tilism’, em grego ‘telesma’, e é “objeto de formas e dimensões variadas, ao qual se atribuem poderes extraordinários de magia ativa, possibilitando a realização de aspirações e desejos”. Na verdade, ambos possuem a mesma função: emanar determinadas energias, beneficiando seu usuário. 
Desde a Antiguidade, os povos de diversas civilizações se utilizaram dos amuletos para as mais diversas finalidades, principalmente para proteção contra os maus espíritos, doenças e ataques de inimigos e animais.
Mas o que torna um amuleto verdadeiramente poderoso? O segredo está, primeiramente, no símbolo a ser usado para criá-lo, e em segundo lugar, é preciso providenciar a correta impregnação do objeto, transformando-o em um amuleto imbuído das energias que se pretende receber.
Por este motivo, entendo que o ideal é que cada pessoa crie seu próprio amuleto, começando pela escolha do símbolo, que pode ser um desenho, imagem ou palavra que tenha um significado especial para quem o usar. Mas você também pode presentear alguém com um amuleto confeccionado por você.

Como fazer um amuleto

O amuleto, não só egípcio mas todos os outros, pode ser de qualquer material. Os mais usados são metal, madeira, cristal, argila, massa de modelar e papel. Pode ser pequeno, em forma de pingente ou não, ou pode ser grande, para proteger um ambiente, um imóvel, veículo, etc.
O material, assim como o tamanho, é o que menos importa. O que tornará seu amuleto realmente poderoso e eficaz é a escolha do símbolo de acordo com seu objetivo e a sua fé ao consagrá-lo e usá-lo.

1) Talismã em cristal: use um pingente de cristal da sua preferência. Pode ser uma ametista, quartzo branco ou rosa rolados ou em ponta, como preferir. No entanto, os cristais rolados permitem que sejam pintados mais facilmente. Pode ser também um cristal rolado sem estar montado para pingente. Neste caso, você usará este cristal no bolso da roupa, na bolsa, na carteira, no carro, etc. Desenhe o símbolo no cristal com tinta plástica ou com esmalte de unha (é bem prático e duradouro). Quando secar, cubra com uma camada de resina se desejar, mas não é necessário.

2) Talismã em papel: desenhe o símbolo em um pedaço de papel branco sem uso com mais ou menos 3cm X 3cm, usando lápis ou tinta nanquim. Não use caneta. Dobre o papel ao meio e enrole-o em volta da ponta de cristal, encapando com fita adesiva.
3) Talismã de cetim: esta forma bem prática de talismã me foi ensinada pela numeróloga Patro Freyre (veja entrevista na edição de junho/2011). Desenhe o símbolo como indicado acima. Envolva o papel aberto com uma fita de cetim vermelha de 4 ou 5cm de largura. Pegue um pedaço dessa fita com 10cm de comprimento, dobre-a  ao meio e ponha o papel, envolvendo-o. Costure as duas laterais e a parte de cima para fechar o papel dentro de um saquinho feito com a fita. Este talismã pode ser preso à roupa com um alfinete, pode ser mantido na bolsa, na carteira e em qualquer outro lugar que queira.   

4) Talismã em massa de modelar ou argila: você pode criar formas com a massa de modelar ou com a argila, facilmente encontradas em papelarias e lojas de artesanato. Desenhe num pedaço de papel branco o seu amuleto. Faça uma bola com cerca de 5cm de diâmetro. Achate-a e coloque-a no meio de duas folhas de papel manteiga. Coloque seu desenho sobre o papel manteiga e recorte a forma  com um estilete, fazendo os riscos e entalhes do símbolo. Fixe uma argolinha de metal para fazer um pingente. Espere secar e retire do papel manteiga. Algumas massas de modelar podem ser colocadas no forno comum. Depois de seco, pinte e envernize seu amuleto para manter a durabilidade.
   
Se preferir, seu amuleto também pode ser de metal. Neste caso, se não for você quem o fizer, limpe-o antes de consagrá-lo, deixando-o na terra por três noites de Lua minguante ou lavando com água e sal grosso (não deixe mergulhado).
Um mesmo amuleto pode conter um ou mais símbolos, ou pode-se fazer vários amuletos, um para cada objetivo. Pode-se, ainda, criar um desenho misturando os símbolos, originando um pantáculo. Esta palavra vem do grego e significa “toda honra” (‘pan’ = tudo e ‘kleo’ = honra), que no caso pode ser entendido como “todo poder”.
Os símbolos egípcios são apenas sugestões. Se você já tiver uma medalha ou símbolo que goste muito e que realmente signifique algo, poderá consagrá-lo conforme o ritual abaixo.

Amuletos egípcios

Para os egípcios, somente as bruxas, sacerdotisas e sacerdotes dos templos tinham o poder de criar amuletos poderosos, a serem usados pelos vivos e pelos mortos. Palavras ou símbolos de poder eram inscritos de forma ritualística nos amuletos, que então, passavam a emanar determinadas energias, beneficiando quem os usasse.
Originalmente, os amuletos egípcios eram usados de três formas: como pingente em torno do pescoço, e neste caso, o próprio cordão também era imantado, como bracelete e como bolsa, que na verdade era um saquinho para ser carregado junto ao corpo[i].

Ankh

É o símbolo da vida. Use-o para obter proteção em geral, boa saúde e longevidade. Pode ser consagrado tanto na Lua minguante (saúde) como na nova (proteção).

Cetro de papiro

Usado inicialmente nos ritos funerários, a partir da 26ª Dinastia passou a ser usado pela realeza, nobres e sacerdotisas para proteger contra doenças, proporcionar a cura e auxiliar no restabelecimento do doente, inundando-o com energia vital. Consagre-o na Lua minguante, dizendo: “Está em perfeito estado, e eu estou em perfeito estado; não está ferido, e eu não estou ferido; não está gasto, e eu não estou gasto.”

Coração

Para os egípcios, o coração não só era o alicerce do poder da vida nos seres, como era fonte de bons e maus ‘pensamentos’, de modo que representava a consciência. Tanto que o coração dos mortos era pesado na Sala de Julgamento de Osíris, para determinar se a alma merecia a morada dos deuses ou se seria destruída por guardar o mal. Este amuleto, portanto, pode ser usado para mostrar à pessoa como se libertar de pensamentos e sentimentos negativos que tornam a vibração mais densa, diminuindo as defesas psíquicas, permitindo que energias negativas de encarnados e desencarnados a atinja. Perceba que não bastará usar o amuleto, é preciso fazer todo um trabalho interno de transmutação de posturas mentais para aprender a pensar e a sentir positivo, se desligando do mal para se conectar com o bem (não ser maledicente, não fazer ou ouvir fofocas, ser otimista, ter fé, praticar a caridade, etc.). Entretanto, este amuleto não só tem o poder de mostrar o que precisa ser modificado, mas dará força de vontade e persistência para que a mudança seja concluída. Consagre na lua crescente ou cheia. 

Escaravelho

Este besouro representava o ciclo que o Sol faz diariamente, já que o inseto rola uma bola de esterco contendo seus ovos do leste para o oeste, enterrando-a em um buraco por vinte e oito dias. No vigésimo nono dia, o besouro joga a bola na água, para que amoleça e os filhotes possam sair.  Este amuleto pode ser usado para diversos fins como proteção, vida longa e boa saúde, vitória da luz sobre as trevas, sucesso e sorte, pois representa o poder invisível por trás da criação de tudo o que existe. Pode ser consagrado em qualquer Lua, observando-se apenas os seguintes dias a contar do início do mês: 7º, 9º, 10º, 12º, 14º, 16º, 21º, 24º e 25º. Repetir as seguintes palavras: “Eu sou Thoth, o inventor e fundador de medicamentos e letras. Vem a mim, tu que estás debaixo da terra, levanta-te até mim, tu, grande espírito.”

Escorpião

A deusa Serket ou Serqet era retratada como uma mulher com um escorpião na cabeça. Há, também, uma Ísis-escorpião que protegia Hórus e o faraó. Um texto de Edfu a define como “escorpião imponente, réptil venerável cujo veneno é fulminante, invadindo o solo dos inimigos num instante, de modo que eles morrem imediatamente quando ela ataca.” Este amuleto serve para que a bruxa lute contra as forças do mal e seja vencedora. Também pode ser usado para auxiliar na cura de doenças, especialmente por envenenamento. Protege a gestante e o recém-nascido no momento do parto, pois a deusa Serqet auxiliava no parto dos faraós e dos deuses. Consagre-o na lua nova.

Fivela ou tyet

Simboliza o cinturão de Ísis. Quando Seth matou o irmão e marido de Ísis, Osíris, ela estava grávida de Hórus. Temendo que Seth tentasse matar seu filho, ela retirou sua cinta e a amarrou em torno de Hórus, com um nó mágico que o protegeu, cuja forma deu origem a este amuleto. Use este amuleto para proteger bebês e crianças contra todo o tipo de energias negativas prendendo-o na roupa. Consagre-o com estas palavras: “O sangue de Ísis e a força de Ísis e as palavras de poder de Ísis serão fortes para agir como poderes para proteger este grande e divino ser, e para guardá-lo daquele que lhe faria o que ele considera abominável”.


Flor de lótus

Essa flor era sagrada para os antigos egípcios. Nos templos e monumentos, observa-se desenhos dos deuses e das sacerdotisas segurando varas com flores de lótus, que representava o poder da regeneração, já que surgia das águas na madrugada abrindo suas pétalas ao Sol.
Esse símbolo de regeneração pode ser empregado sempre que se pretenda um recomeço, renascimento, em iniciações espirituais, para o amor, etc. Consagre na Lua correspondente.

Leão

Símbolo de força, destemor e proteção, era usado pelos egípcios principalmente durante o sono para que fossem protegidos contra as forças espirituais do mal. É indicado para pessoas que sofrem de pesadelos e ataques noturnos de obsessores, segurando-o durante o sono ou colocando-o sob o travesseiro. Consagre-o na Lua nova.

Menat

Os egípcios antigos acreditavam que os órgãos feminino e masculino estavam unidos misticamente dentro do menat. Portanto, dentre outras aplicações, é um amuleto para a criação, ou seja, a fertilidade. Deve ser usado por mulheres que tenham dificuldade para engravidar e por homens com problemas de ereção e baixa contagem de espermatozóides, caso desejem ter um filho. Consagre na Lua minguante para atuar diretamente sobre os órgãos físicos, banindo qualquer desequilíbrio.

Nefer

Era um instrumento musical usado no Antigo Egito. Para os egípcios, a música tinha papel importante nas cerimônias, pois representava alegria, vida. Use o nefer para atrair inspiração, criatividade, alegria, vontade de viver e sucesso. É especialmente indicado para pessoas desanimadas e depressivas. Consagre-o na Lua crescente.


Olho de Hórus

Este amuleto era um dos mais comuns no Antigo Egito e era de dois tipos: um olho virado para a esquerda e o outro para a direita. Podiam ser usados separadamente ou juntos. O olho da esquerda era negro e também era conhecido como olho de Osíris. O olho da direita era branco e era o olho de Rá.

 Olho Lunar (um dos olhos de Hórus)

O olho de Osíris ou olho lunar, era usado como proteção contra a falsidade, más intenções, energias negativas em geral e nos ritos funerários para proteger a alma do morto até que alcançasse o Outro Mundo. Use este amuleto para adquirir acuidade de todos os sentidos, especialmente do sexto, apurando a intuição, bem como os poderes de vidência na leitura de oráculos.

Olho Solar (o outro olho de Hórus)

O olho de Rá ou olho solar simboliza os poderes do Sol. Diz a lenda que Rá enviou seus dois filhos, o deus-ar Shu e a deusa-umidade Tefnut para explorarem a escuridão. Temendo que eles tivessem se perdido, retirou seu olho direito e o lançou nas trevas criando o Sol. Posteriormente, o olho de Rá foi usado pelas deusas para derrotarem os inimigos da ordem e da luz. Este amuleto pode ser usado principalmente para proteger a bruxa ou o bruxo durante as práticas da Magia, pois afasta as trevas. Pode ser colocado nos ambientes para protegê-los, especialmente nos Espaços Sagrados, altares, etc. Consagre ambos na Lua nova.


A rã significa ressurreição para os egípcios e está associada à deusa Heqet ou Heket, que auxiliou Osíris a retornar do mundo dos mortos quando foi assassinado por Seth. Pode ser usado para proteção em geral e por mulheres grávidas, especialmente na hora do parto. Consagre este amuleto na Lua nova ou minguante. 

Sam

É muito antigo e representa, provavelmente, os órgãos feminino e masculino no ato sexual. Significa união, retratando a relação sexual e o prazer. Utilize-o para superar bloqueios e problemas de ordem sexual como preconceitos, falta de prazer, dores, traumas, etc. O sam normaliza a energia e a compreensão sexuais, ensinando a pessoa a explorar o sexo com o máximo prazer e naturalidade. Consagre-o na Lua cheia.

Serpente

A serpente era um réptil perigoso e muito temido pelos egípcios. A serpente Apep era um monstro destruidor que vivia em constante batalha com Rá, tentando a todo custo engolir o mundo, para envolvê-lo em suas trevas. Não obstante, algumas serpentes eram consideradas benéficas, como Aha, que era colocada nas entradas dos templos, abrigando-o contra as forças do mal. Renenutet, deusa com cabeça de serpente, velava o plantio e as colheitas, sendo a serpente alimentadora que mantinha a vida na Terra. Portanto, este amuleto tem como aplicação a proteção em geral, assim como poderá protegê-lo de alguém ou algo específico. É muito útil na magia para afastar e/ou vencer as trevas. Você pode fazê-lo nos formatos sugeridos ou em qualquer outro que lhe agrade. Consagre-o na Lua nova ou crescente.

Ritual de Consagração do Amuleto

Para consagrar adequadamente um amuleto, deve-se considerar sua função. Um amuleto que objetiva a cura de um desequilíbrio sistêmico, comumente chamado de ‘doença’, deve ser consagrado na Lua minguante. Aliás, nesta fase lunar deve-se consagrar apenas amuletos que tenham por objetivo afastar ou retirar do caminho situações, pessoas e/ou comportamentos indesejados. Na Lua minguante não se pede nada além da cura, que é o restabelecimento do equilíbrio sistêmico, quando o desequilíbrio é superado, ou seja, banido de nós.
Um amuleto para atrair ou preservar o amor (e não a pessoa amada!), deve ser consagrado na Lua cheia. Neste caso, ao criar o amuleto com esse objetivo, peça para que o amor surja na sua vida, primeiramente dentro de você através do amor por si mesma/o, o que atrairá pessoas que realmente a/o amem.
Se já tem um relacionamento, peça muito amor entre vocês, mas jamais crie um amuleto do amor para manter o relacionamento ou para atrair determinada pessoa. Isso seria, na verdade, uma tentativa de “amarração” que não daria certo, pois sendo o amor espontâneo e livre, você desencadearia grande infelicidade para si mesma/o e para outras pessoas.
Portanto, peça ao Universo que lhe traga uma pessoa que a/o ame verdadeiramente e entregue seu desejo sincero aos deuses. Somente assim, você será realmente feliz. Lembre-se que nossa sabedoria é limitada e que não conhecemos os desígnios divinos. Se a pessoa amada vier, você saberá que é a pessoa certa; se não vier, saberá que outra pessoa surgirá em seu caminho e lhe fará muito feliz.  
Já o amuleto para qualquer assunto material como bons negócios, prosperidade e abundância materiais, ascensão profissional, etc., deverá ser consagrado na Lua crescente.
O amuleto para assuntos espirituais, desde proteção até abertura e equilíbrio dos canais espirituais e/ou mediúnicos, será consagrado na Lua nova.
Lua minguante: vela verde (restabelecimento da saúde) ou preta (limpeza/banimento de energias negativas);
Lua nova: vela roxa, lilás ou azul;
Lua crescente: vela amarela ou laranja e
Lua cheia: velas cor-de-rosa e vermelha juntas (amor e paixão, respectivamente).

Essas cores são sugeridas, mas você pode mudar de acordo com sua intuição. Serão usadas três velas e três varetas do incenso que preferir. Lembre-se que o três é o número das concretizações (veja a entrevista da edição de junho/2011 sobre o significado dos números).
Durante três noites da fase lunar escolhida, acenda o incenso, envolvendo o amuleto na fumaça. Acenda a vela num pratinho branco, colocando o amuleto em outro prato próximo à vela. Peça à deusa Ísis feiticeira que imante seu amuleto com a energia desejada, pronunciando sobre o amuleto em voz alta as qualidades que naquele momento lhe atribui. Quando a terceira vela (na terceira noite) terminar de queimar, esfregue com os dedos um pouco de óleo essencial de alfazema, sálvia ou hortelã no amuleto. Se não tiver, use um pouco de água mineral. Esta prática serve para ativar, despertar o poder que agora está contido no seu amuleto.  
Após consagrado, não permita que toquem no seu amuleto. Se isso acontecer, limpe-o e consagre-o novamente.   

A deusa que há mim saúda a deusa ou o deus que há em você!

Lady Mirian Black




[i] Todos os encantamentos a serem pronunciados encontram-se nas obras que usei como referência:
- “O mundo mágico do Antigo Egito”, Christian Jacq, Ed. Bertrand Brasil, 2001 e
- “A magia egípcia”, E.A.Wallis Budge, Ed. Madras, 2003.


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