Pilares
do templo de Göbekli Tepe. Os entalhes provavelmente representam sacerdotes
dançando durante um ritual ou assembléia religiosa.
Göbekli
Tepe é um sítio arqueológico localizado na Turquia. Foi descoberto em 1.960,
mas os escavadores da época acreditaram tratar-se de um antigo posto militar
bizantino e as lajes de pedras foram consideradas lápides. Abandonaram o sítio
sem prosseguirem com as escavações.
Em
1.994, o arqueólogo alemão Klaus Schmidt, pesquisador do German Archaelogical
Institute – DAÍ, estava estudando sobre o período Neolítico em um sítio
arqueológico próximo e decidiu dar uma olhada em uma montanha chamada Potbelly,
cujo topo era arredondado, local este chamado pelos moradores locais de Göbekli
Tepe.
Iniciou
as escavações no outono daquele ano e após meses descobriu que as lajes de
pedras eram os topos de pilares gigantescos que formavam um círculo. Continuou
as escavações auxiliado por uma equipe formada por estudantes alemães e turcos,
que se revezavam, bem como cerca de 50 trabalhadores das redondezas. Anos após
o início dos trabalhos descobriu mais alguns círculos formados por estes
pilares em forma de T.
Em
2.003 uma leitura geomagnética revelou existirem cerca de vinte círculos de
pedras naquele local, a maioria ainda por ser desenterrada. Os pilares mais
altos possuem 18m de altura e pesam cerca de dezesseis toneladas. Os
arqueólogos fixaram a data da construção de Gobekli Tepe por volta de 10.000
a.C.
As
superfícies dos pilares foram entalhadas com figuras de animais em baixo e alto
relevo, cujos estilos artísticos diferem entre si. Alguns são mais rústicos,
enquanto outros lembram muito a arte refinada e simbólica dos bizantinos.
Animais entalhados nos pilares de Göbekli Tepe.
Em
outras partes da montanha, Schmidt encontrou o maior número de ferramentas de
pedras que já havia visto. Eram facas, cutelos, um verdadeiro depósito do
período Neolítico. Havia mais ferramentas ali em 1m2
do que os arqueólogos encontraram em sítios arqueológicos inteiros.
Na
opinião de Schmidt, os pilares imitariam os seres humanos, todos reunidos em um
ritual religioso. Os animais entalhados nos pilares, em sua maioria já
extintos, alguns sequer conhecidos, poderiam representar proteção espiritual
aos participantes do ritual, estariam apaziguando-os ou estariam “encarnando”
nos humanos ali representados pois seriam animais totêmicos, dando-lhes o seu
poder.
Os
arqueólogos ainda estão escavando Göbekli Tepe e debatendo seu
significado. Os estudiosos que defendem a tese dos alienígenas do passado,
afirmam que o complexo de círculos de pedras foi construído segundo instruções
e instrumentos de uma raça alienígena para que pudesse ser avistado do espaço,
ao mesmo tempo em que teria servido como base para o pouso das naves espaciais.
Mais
importante do que o que os arqueólogos encontraram é o que eles não
encontraram, ou seja, não há um único vestígio de habitações próximas ao
complexo. Centenas de trabalhadores devem ter sido requisitados durante anos
para construir um templo como este numa época em que não existiam nem a roda,
nem animais de carga.
No
local não há fontes d’água, que também não existiam na época, sendo a mais
próxima a quase cinco mil quilômetros de Göbekli Tepe, assim como não existem
traços de agricultura e de fogueiras que teriam sido usadas para cozinhar
alimentos.
Entretanto,
a julgar pelos inúmeros ossos de animais encontrados no local, os trabalhadores
devem ter sido alimentados por caçadores que levavam as presas até lá. A
construção de Göbekli Tepe aponta para um grupo organizado, mas Schmidt ainda
não encontrou informações acerca da existência de uma hierarquia e como seria.
Não
existem túmulos no local, que poderiam demonstrar o status daqueles que ali estiveram; não há evidências de locais
reservados para as pessoas mais importantes, nem para a casta inferior desta
sociedade ou comunidade.
Schmidt
acredita tratar-se de um povo nômade que vivia da caça e coleta. Neste caso, de
fato não costumavam, como não costumam até hoje, construir estruturas
permanentes. Entretanto, o povo que construiu Göbekli Tepe está longe de ter
seus mistérios desvendados.
O
templo parece ter sido abandonado por volta de 8.200 a.C., quando foi
deliberadamente enterrado. Schmidt e todos os estudiosos ainda tentam descobrir
“Por que”, “Como” e “Por quem” Göbekli Tepe teria sido construído, como foi
usado, qual sua real finalidade e por fim, por que foi desativado e qual o
motivo de ter sido enterrado, trabalho este que deve ter demandado muito tempo
e muitos trabalhadores, ao invés de simplesmente ter sido abandonado.
De
qualquer forma, Göbekli Tepe revolucionou a Idade da Pedra, especialmente as
teses até então sustentadas sobre o homem do período Neolítico. Há cerca de
vinte anos, os estudiosos acreditavam conhecer toda a revolução que ocorrera no
Neolítico, que foi a transição crítica do homem nômade e coletor para o
surgimento de comunidades sedentárias que desenvolveram a agricultura e criação
de animais.
Mas
nos últimos anos, se multiplicaram as novas descobertas que estão derrubando
tudo que se acreditava saber sobre o homem da Idade da Pedra, e sem dúvida,
Göbekli Tepe está encabeçando esta revolução na arqueologia.
A
sedentarização do homem do Neolítico estaria atrelada ao fim da Era Glacial,
quando o derretimento do gelo permitiu que o surgimento de terras cultiváveis e
a procriação de animais com relativa facilidade. Tal revolução teria tido
início em um único lugar que seria na Suméria (localizada na parte sul da Mesopotâmia),
entre os rios Tigre e Eufrates, estendendo-se para a Índia e posteriormente
alcançando a Europa.
Porém,
depois do descobrimento de Göbekli Tepe, as pesquisas sugerem que a chamada
revolução do Neolítico ocorreu simultaneamente em vários lugares do globo
durante centenas de anos, além de não ter sido proporcionada pela mudança
climática mas outro motivo completamente diferente.
Além
disso, hoje os arqueólogos discutem a tese de que os seres humanos teriam se
fixado em comunidades mas ainda mantinham hábitos de caça e coleta, e que a
prática religiosa veio antes ainda do que a agricultura, surgindo para diminuir
as tensões oriundas da vida em sociedade, face às obrigações coletivas dos
indivíduos.
Descoberto
no Verão de 2.010, parte deste portal do templo extraordinário de 12.000 anos está
circundado por animais ferozes entalhados, incluindo uma cobra, um aurochs (boi selvagem já extinto), um
javali e um predador não identificado.
Schmidt
faz uma previsão de que dentro de 10 ou 15 anos, Göbekli Tepe será mais famoso
que Stonehenge, por todos os motivos. Até lá, esperamos poder saber um pouco
mais sobre esta estrutura fascinante.
*Todas
as fotos são da National Geographic Image Collection, de autoria de Vicent J.
Musi
A
deusa que há em mim saúda a deusa ou o deus que há em você!
Lady Mirian Black
Muito belas as historias gostei muito!
ResponderExcluirObrigada. Eu também adoro! Bênçãos dos deuses e boa semana.
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