Jung descobriu o que chamou de inconsciente coletivo. Sua contribuição à humanidade foi inimaginável, até mesmo para ele, posto ter estudado o maior mistério de todos: a mente humana. Jung traduziu a mente em consciente (soma dos símbolos e sensações disponíveis à nossa consciência), inconsciente (representado por todos os aspectos da experiência que o indivíduo não pode simbolizar por qualquer razão) e o grande paradoxo que é a relação simbiótica que necessariamente deve existir entre ambos “os lados” para que o indivíduo seja e esteja equilibrado e harmonioso.
Fez, ainda, uma distinção entre o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo, sendo este último a somatória de todas as experiências de uma coletividade humana, seja uma nação, uma tribo, uma raça ou mesmo toda a humanidade.
A palavra “arquétipo”, muito aplicada no estudo do Tarot, é na definição junguiana “uma tendência abstrata e genérica que está por trás de determinada manifestação. Assim, cada aspecto objetivo da realidade expressa um arquétipo. Por exemplo, os instintos sexuais são uma forma de expressão do arquétipo da reprodução.
Para Jung, o ser humano é o produto da manifestação de alguns arquétipos básicos, como a persona (a máscara que apresentamos ao mundo, nossa couraça, aquilo que mostramos aos outros), o ego (nosso auto-conceito, aquilo que consideramos como sendo nós mesmos), sombra (a soma das características que não aceitamos em nós mesmos e, por isso, negamos, tornando-as inconscientes e projetando-as em outras pessoas), animus (soma das qualidades masculinas contidas na mulher), anima (lado feminino no homem) e o eu (que representa a totalidade da psique humana, o centro de crescimento e evolução de cada indivíduo).
Segundo Jung, o homem tende a evoluir psicologicamente no sentido de obter uma crescente integração entre o consciente e o inconsciente pessoais, num processo que ele chamou de individuação. Esse processo envolve a progressiva tomada de consciência das manifestações dos arquétipos inconscientes da psique - a persona, a sombra, o animus ou anima e, finalmente, a relação consciente com o eu, o centro vital do psiquismo. Posteriormente, observou que há uma tendência no indivíduo de entrar em relação consciente com o inconsciente coletivo.
Isso significa que é no inconsciente coletivo que se pode buscar o simbolismo contido ou que existiu no Tarot em algum momento pregresso. Na abordagem junguiana, o símbolo é tudo o que desperta em nós idéias e emoções vagas e complexas, e normalmente é representado por uma imagem (a triskle, por exemplo).
O símbolo é visto, também, como uma forma de expressão dos arquétipos, tanto individuais como coletivos, e só pode ser interpretado no contexto individual ou cultural em que se apresenta. Sobre os símbolos, leia os artigos de Magia Atemporal das edições de junho e julho/2011.
Ao acessarmos os símbolos contidos no inconsciente coletivo, teremos acesso ao conhecimento e à sabedoria. E como fazer essa ligação conscientemente? A resposta é paradoxalmente simples e complexa: através do Tarot. Você pode se perguntar: “Do Tarot cujo simbolismo foi deturpado e em parte perdido ao longo dos séculos?” E eu respondo: “Exatamente!”
Partiremos do princípio de que “o que está embaixo, assim também é acima”. É um princípio alquímico e espiritual poderoso que encerra grande sabedoria. Se o Tarot é uma codificação simbólica para o conhecimento não só do ser ou do tempo, mas especialmente do micro (ser humano) e do macrocosmo (Universos), nada mais lógico que usar esta simbologia para ligar nosso inconsciente individual com o coletivo, acessando toda a carga armazenada desde o começo dos tempos neste planeta.
Mesmo que o Tarot que chegou até nós hoje esteja em parte perdido ou desvirtuado, ainda existem nele símbolos preservados os quais poderemos usar para o nosso intento. E acessando o inconsciente coletivo através destes símbolos, receberemos o conhecimento que nos foi dado num passado distante, perdido pela passagem de Cronos (tempo).
O Tarot, neste caso, não é o objetivo final, mas é o veículo para um alcance maior, para a amplitude da consciência, do eu e do Todo. E nesta via de mão dupla, ao trabalharmos com o ‘veículo’ e ao atingirmos o Todo (conhecimento através do inconsciente coletivo), conheceremos mais do simbolismo, vislumbraremos os verdadeiros mistérios e segredos outrora impressos ocultamente (por símbolos) no ‘veículo’ (Tarot).
A deusa que há em mim saúda a deusa ou o deus que há em você!
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